domingo, 6 de junho de 2010

Musa


Na sala converso e despejo o verbo

dos desejos que não sei, do poeta que despertei.

É bem certo que a dor faz a vez na inspiração,

É bem certo que a dor vela a lágrima e o riso.

Mas,

nos meus dias concisos, é a mim a quem procuro.

E a cada passo que revelo vejo

que não é tua a minha cor,

que não é minha a tua dor.

Embora deseje um pouco deste que desperto sem meu beijo,

fico só e me preocupo

se é sim ou se é não a palavra que recito.

Busco, vasculho...

posso sim morrer afogada,

temo sim este mergulho escuro,

fico então desajeitada, de bochechas rosadas,

ou apenas,

presa na dúvida certa que se faz dor.

(Paula Ubinha, julho/2009)
Imagem: Matisse. Estudo de Nu, 1906. Xilogravura.

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