quinta-feira, 25 de junho de 2009

Satsanga (dedico a todos meus amigos e alunos)

Do sânscrito sat - ser e sanga - companhia, satsanga significa andar na companhia de sábios e amigos, comungando experiências e sabedoria.
Neste encontro do yoga podemos realizar meditação com mantras, contando com instrumentos musicais tradicionais indianos, bem como a leitura, a elaboração de perguntas, buscar respostas e comentários sobre textos da cultura do Yoga, tais como a Bhagavad Gita, o Srimad Bhagavatam e o Yoga Sutras. Os encontros são destinados a todos, membros do grupo praticante ou não, que se interessem em aprofundar seus conhecimentos sobre meditação e filosofia. Este encontro pode ser enriquecido com flores, frutas, tortas, chás, enfim, com vários estímulos para os nossos sentidos, no entanto, isso não constitui o principal da prática.
Satsanga é ficar em companhia de pessoas que possuem o conhecimento claro de sua própria natureza, ou daquelas que buscam esse mesmo conhecimento. O melhor Satsanga não é um encontro semanal, ou mensal, ou qualquer outra periodicidade que se estabeleça, mas todos os momentos diários da vida, é no cotidiano que encontramos o verdadeiro Satsanga, conviver todos os dias com as pessoas que querem descobrir em si mesmas os valores que conduzem ao conhecimento (chamados jñána, conhecimento, no capítulo XIII da Bhagavad Gítá), escutar, refletir e meditar sobre o Átman, o Ser Imutável. Um deve ser para o outro constante inspiração, estímulo e auxílio para o conhecimento, na forma de meios para antahkaranasuddhih, a preparação da mente, e jñánanistha, a clareza do conhecimento e sua constante vivência. Além de conviver constantemente com outros que também desejam o absoluto, o maior Satsanga é o contato direto com pessoas que vivem a realização do Átmabrahman, pessoas cujas vidas são o próprio exemplo da plenitude do conhecimento.
Nosso grande mestre, Sri Ádi Shankarachárya, diz no conhecido texto Bhaja Govindam:

Satsangatve Nissangatvam
Nissangatve Nirmohatvam
Nirmohatve Niscalatatvam
Niscalatatve Jívanmuktah

Na companhia daqueles que buscam a Verdade, nasce o desapego.
Com o desapego, a ilusão se vai.
Quando a ilusão se vai, a Realidade Imutável torna-se clara.
Com o conhecimento da Realidade Imutável, o indivíduo torna-se liberado ainda em vida.

Sanga, então, podemos dizer que é a associação, a companhia, o contato e, até mesmo, o apego. Satsanga, portanto, é a associação com pessoas que desejam o Sat, o Real, o Ilimitado, que conduz a nissanga, a ausência da necessidade de estar sempre em companhia de pessoas, ou apegado a objetos. A ausência dessa necessidade nasce da análise, do questionamento, que é viveka, que tem como conseqüência vairagya, o desapego natural e gradual. Isto é, a ausência da ilusão e a presença da mente clara para analisar a si mesmo e apreciar o seu verdadeiro Ser, a Consciência Sem Limites. Essa compreensão resolve a pergunta original do ser humano: quem sou eu? Para onde caminho? Respondendo a essas questões, vivendo plenamente, você estará liberado do sofrimento de ignorar ser o que você já é.
Boa reflexão,
Namastê!
Paula