domingo, 22 de março de 2009

Doula



O que é doula?

Então, senta que lá vem história.

Imagine uma mulher prestes a parir a muito, muito, muito tempo atrás.

Imagine agora, toda aquela correria na casa para a chegada do rebento. O marido afoito, a mulher suada com uma expressão preocupada, as crianças mandadas para fora da casa, a água no fogo, lençóis limpos, uma tesoura e, entre toda esta confusão, uma parteira e uma ou duas outras mulheres calmas destoando de todo o clima frenético que esta situação sugere.

Estas outras mulheres, que não são parteiras, são aquelas que sabem das coisas. Elas sabem o que está por vir, elas são experientes e seguras. O papel delas é o de ajudar esta mãe a ter um ambiente tranquilo e saudável neste momento que desperta tanta preocupação. São estas mulheres que seguram os ânimos de todos na casa antes, durante e depois do parto.

Estas são as doulas, hoje esquecidas, uma tradição perdida.

Imagine mais um pouco. Em alguns lugares do Brasil, quem ia visitar a mãe recém parida levava de presente uma galinha caipira. Assim, durante a quarentena de recuperação, a mãe se alimentava apenas de canja. Era a doula quem preparava tudo. A mãe podia ficar concentrada em seu repouso e nos cuidados com seu bebê.

A tarefa das doulas abrangia cuidados de higiene, alimentação, cuidados com as crianças da casa, cuidado ao orientar o pai, e sobretudo, cuidado e apoio emocional à parturiente.

Basicamente, a doula colocava a família toda em seu colo. Não é lindo isso? Pois nem sempre esta função pôde ser exercida pelas sogras, ou pelas cunhadas. Se bem que, se o relacionamento familiar fosse saudável, nada impedia que estas figuras da família desempenhassem bem o papel. Assim, a doula tinha uma posição de muito respeito na sociedade.

Imagine uma mulher prestes a parir nos dias de hoje. Certamente o cenário é outro, mas será que as emoções são outras? Será que os medos e ansiedades são muito diferentes daqueles de outrora?

Sem precisar imaginar, sabemos que nesse nosso tempo há tantos hospitais, com tantos especialistas. Cada um com sua técnica médica. Todos bem estudados. O médico obstetra, a enfermeira obstetra, o anestesista, o pediatra. A mortalidade infantil diminuiu substancialmente. A morte da mãe durante o parto se tornou uma raridade. Sem dúvida, sobreviver está muito mais garantido. Mas, com tanto conhecimento e técnica algo ficou para trás, algo ficou esquecido lá nas mãos das doulas... O acolhimento.

Felizmente, as doulas estão de volta para carregar todo mundo no colo. Fiquem sabendo mais sobre este movimento nos sites:




Dedico este texto a minha irmã Tatinha e ao seu filho que nasceu no último dia 5. Bem vindo João!

Paula Ubinha

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