sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Concentração em um único ponto - Ekagrata


Resolvi transcrever um trecho do que Mircea Eliade nos conta a respeito da concentração. Esta informação é encontrada em seu livro "Yoga - imortalidade e liberdade" (ed. Palas Athena).

Capítulo III - Técnicas de autonomia
O ponto de partida da meditação yóguica é a concentração em um único objeto, que tanto pode ser físico (um ponto entre as sobrancelhas, a ponta do nariz, um objeto luminoso, etc.), um pensamento (uma verdade metafísica) ou Deus (Ísvara). Essa concentração firme e contínua chama-se ekagrata (em um único ponto) e se obtém pela integração do fluxo psicomental (sarvarthata, atenção multilateral, descontínua e difusa, Yoga-sutra, III, 11). Isto consiste na própria técnicado Yoga.
A Concentração em um único ponto, tem como resultado imediato a censura pronta e lúcida de todas as distrações e de todos os automatismos mentais que dominam, ou, mais precisamente, constituem a consciência comum. Entregue às associações (produzidas pelas sensações), o homem passa a vida deixando-se invadir por uma infinidade de momentos desconexos e como que exteriores a ele. Os sentidos ou o subconsciente introduzem continuamente na consciência objetos que a dominam e a modificam, ao sabor de sua forma e intensidade. As associações dispersam a consiência, as paixões a violentam, a "sede de viver" a trai ao projetá-la para fora. Mesmo em seus esforços intelectuais o homem é passivo, pois o destino do pensamento vulgar é ser "pensado" pelos objetos. Sob as aparências do "pensamento" esconde-se, na realidade, um cintilar indefinido e desordenado, alimentado por sensações, palavras e memória. O primeiro dever do yogin é pensar, isto é, não se deixar pensar. Eis por que a prática do Yoga começa por ekagrata, que limita o fluxo mental e constitui assim um "bloco psíquico", um continuum firme e unitário.
A prática de ekagrata tende a controlar as duas fontes geradoras de fluidez mental: a atividade sensorial e a atividade do subconsciente. O controle é a capacidade de intervir à vontade e de maneira imediata no funcionamento dessas duas fontes de "turbilhões" mentais.
Um yogin pode obter, à vontade, a descontinuidade da consciência; isto é, pode provocar em qualquer momento e lugar a concentração de sua atenção em um só ponto e tornar-se insensível a qualquer outro estímulo sensorial ou mnemônico.
O autor não para por aí, vale buscar o livro para saber um pouco mais.
Espero que apreciem.

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